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domingo, 11 de dezembro de 2011

João Calvino e “Os Cinco Pontos do Calvinismo”

É muito comum se ouvir falar sobre “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. Eu mesmo, quando me tornei aluno da classe de catecúmenos, com a finalidade de ser membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, lembro-me de ouvir por várias vezes falar sobre esse assunto. Contudo, meu raciocínio não era outro, senão, o de achar que o autor destes pontos era de fato o próprio reformador do século XVI: João Calvino. Mas somente no Seminário pude ter um contato mais próximo com obras literárias que falavam sobre o assunto, e, desta forma, creio ter sido esclarecido sobre o que realmente vem a ser “Os Cinco Pontos do Calvinismo”.
Portanto, o objetivo deste pequeno artigo é esclarecer de forma simples quem de fato escreveu os chamados “Cinco Pontos do Calvinismo”, por qual razão e porque eles são “cinco pontos” ao invés de sete ou dez. Além disso, procuraremos destacar a sua relevância para a nossa teologia.

1. Autoria
Ao contrário do que muitos pensam, não foi João Calvino quem escreveu “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. Talvez algumas pessoas ficarão impressionadas com esta afirmação. No entanto, a magna pergunta que se faz é: Se não foi Calvino, quem foi então? “Estes cinco pontos foram formulados pelo Sínodo de Dort, Sínodo este convocado pelos estados Gerais (da Holanda) e composto por um grupo de 84 Teólogos e 18 representantes seculares, entre esses estavam 27 delegados da Alemanha, Suíça, Inglaterra e outros países da Europa reunidos em 154 Sessões, desde 13 de novembro de 16 18 até maio de 1619” . [1] Portanto, peca por ignorância quem afirma ser João Calvino o autor destes cinco pontos, porque na verdade, a afirmação correta é que estes “pontos” foram fundamentados tão somente nas doutrinas ensinadas por ele. Aliás, este sistema doutrinário, se assim podemos chamá-lo, foi elaborado somente 54 anos após a morte do grande reformador (1509-1564).
 
2. Razão de sua Escrita
Os Cinco Pontos do Calvinismo foram formulados em resposta a um “documento que ficou conhecido na história como ‘Remonstrance' ou o mesmo que ‘Protesto'”, [2]apresentado ao Estado da Holanda pelos “discípulos do professor de um seminário holandês chamado Jacob Hermann, cujo sobrenome latino era Arminius (1560-1600). Mesmo estando inserido na tradição reformada, Arminius tinha sérias dúvidas quanto à graça soberana de Deus, visto que era simpático aos ensinos de Pelágio e Erasmo, no que se refere à livre vontade do homem”. [3] Este documento formulado pelos discípulos de Arminius tinha como objetivo mudar os símbolos oficiais de doutrinas das Igrejas da Holanda (Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg ), substituindo pelos ensinos do seu mestre. Desta forma, a única razão pela qual Os Cinco Pontos do Calvinismo foram elaborados era a de responder ao documento apresentado pelos discípulos de Arminius.

3. Porque Cinco Pontos?
Este documento formulado pelos alunos de Jacob Arminius tinha como teor cinco principais pontos, conhecidos como “Os Cinco Pontos do Arminianismo. E como já dissemos logo acima, em resposta a este Cinco Pontos do Arminianismo, o Sínodo de Dort elaborou também o que conhecemos como “Os Cinco Pontos do Calvinismo” ao invés de sete ou dez. Estes pontos do calvinismo são conhecidos mundialmente pela palavra TULIP, um acróstico popular que na língua inglesa significa:
T otal Depravity Total Depravação
U nconditional Election Eleição Incondicional
L imited Atonement Expiação Limitada
I rresistible Grace Graça Irresistível
P erseverance of Saints Perseverança dos Santos

4. Os Cinco Pontos do Arminianismo Versus Os Cinco Pontos do Calvinismo [4]
 
Arminianismo
Calvinismo
 
1. Vontade Livre – O arminianismo diz que a vontade do homem é “livre” para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé.
 
1. Depravação Total – O calvinismo diz que o homem não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.
 
 
2. Eleição Condicional – O arminianismo diz que a “eleição é condicional, ou seja, acredita-se que Deus elegeu àqueles a quem “pré-conheceu”, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem.
 
2. Eleição Incondicional – O calvinismo sustenta que o pré-conhecimento de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.
 
 
 
3. Expiação Universal – O arminianismo diz que Cristo morreu para salvar não um em particular, porém somente àqueles que exercem sua vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí, a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm volição negativa, isto é, os que não querem aceitar, irão para o inferno.
 
 
3. Expiação Limitada – O calvinismo diz que Cristo morreu para salvar pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando forem lançados no inferno.
 
4. A Graça pode ser Impedida – O arminianismo afirma que, ainda que o Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que Deus ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), ainda assim, como a vontade de Deus está amarrada à vontade do homem, o Espírito [de Deus] pode ser resistido pelo homem, se o homem assim o quiser. Desde que só o homem pode determinar se quer ou não ser salvo, é evidente que Deus, pelo menos, “permite” ao homem obstruir sua santa vontade. Assim, Deus se mostra impotente em face da vontade do homem, de modo que a criatura pode ser como Deus, exatamente como Satanás prometeu a Eva, no jardim [do Éden].
 
4. Graça Irresistível – O calvinismo entende que a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido como regeneração. Desde que todos os espíritos mortos (= alienados de Deus) são levados a Satanás, o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (= regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus (o Deus dos vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá a seus escolhidos o Espírito de Vida. No momento que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e orientados para Deus.
 
 
5. O Homem pode Cair da Graça – O arminianismo conclui, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma “teologia de obras” – pelo menos no sentido e na extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo). Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda (ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua continua volição positiva até à morte!
 
 
  5. Perseverança dos Santos – O    calvinismo sustenta muito simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor – e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo” -, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão' pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou. Por isso, os cinco pontos de TULIP incluem a Perseverança dos Santos .

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